AVSI COMUNICA /
Beatrice Rosetti
Responsável de Participação Comunitária
AVSI Brasil (RR)


 

Desde os meus 18, 19 anos que é o meu desejo de trabalhar na área da cooperação, mas para mim isso faz sentido porque senti que na minha vida recebi muito, em sentidos de possibilidades de viajar e estudar. Sinto muita gratidão pela vida, então para mim isso é um devolver, algo que eu sinto que recebi. Eu faço meu trabalho com bastante alegria e bastante gratidão.

 

Meu trabalho, basicamente, é iluminar as pessoas, ou seja, valorizar o talento delas e coloca-las a serviço da comunidade. Dentro da vida do abrigo a gente tem que contar totalmente com a comunidade para permitir a continuidade do trabalho. Ter a presença de vários comitês para garantir uma vivencia normal e daí, ser feito muito mais.

 

O trabalho da participação comunitária significa movimentar as pessoas. Um exemplo foi com a Loandres, com ela tudo começou com uma amizade. Ela virou responsável do comitê da limpeza e uma pessoa que se mobiliza todos os dias para limpar banheiros, utilizados por quase 300 pessoas, não faz isso por causa de um sentido coletivo, se não por uma relação que antes existe, no caso comigo, de uma amizade. Tudo começa mesmo por um olhar que a gente tem por eles, por um carinho. Ela era uma pessoa muito dinâmica e parte da família dela estava em Venezuela, e ela me falou ‘’Bea, eu não quero pensar naquilo que eu deixei para trás, agora que estou aqui, eu sei que é uma condição temporária, mas eu não quero ficar no ócio, quero me disponibilizar para ajudar o trabalho de vocês’’. E foi construindo uma confiança cada dia mais, até que ela virou uma das principais líderes do abrigo. Ela também é um resultado muito positivo da interiorização, porque ela agora está com o marido e com os 3 filhos no Rio Grande do Sul, onde está trabalhando.

 

Então, não é só garantir o básico porque entre os abrigados tem muita desconfiança. Infelizmente, eles não tinham um apoio das famílias, uma com as outras. Através de grupos você cria a possibilidade deles se conhecerem, verem que tem algo em comum e que estão vivenciando algo que é parecido em alguns pontos. Cada família tem sua história de dor, de dificuldade, mas cada um tem algo muito parecido como ter deixado suas famílias, ter que vivenciar com essa saudade e medo do futuro. Por isso, foi iniciado um trabalho em grupo com as mulheres. E eu senti muito forte essa chamada e disse, a gente tem que alcançar toda comunidade, então eu comecei chamando os meninos que eu mais tinha contato, e daí foi crescendo. Foi criado esse grupo, com momento de conversas com eles, e está virando uma experiência superpositiva com os homens também. É um trabalho importante de prevenção.

 

Cada tema que a gente quer trabalhar, eu divido em momentos. Momentos onde a gente chama alguém de fora, por exemplo, uma pessoa especializada na área para tratar o tema. Depois fazemos um workshop com eles, algo mais dinâmico, e o terceiro momento é de conversa onde se compartilha um pouco daquilo que foi falado. Uma coisa interessante é que esse resultado você não vê somente com as pessoas que você trabalha, ou seja, beneficiários diretos, mas isso gera muitos efeitos indiretos nas famílias inteiras. O sentido é que seja para a comunidade. O trabalho é diretamente com o grupo, mas depois os efeitos são benéficos para toda comunidade.

 

Eu acho que o trabalho da precaução comunitária é um trabalho que tem mais a ver com relação com as pessoas, com ouvir o que elas querem fazer. Eu simplesmente sou um instrumento para que eles autonomamente sejam protagonistas do próprio desenvolvimento. Um desenvolvimento que tem que ser integral para a pessoa. Eu acho um trabalho muito bonito, é um trabalho que pede muito da gente também, então você tem que lidar com muitos sentimentos liberado por essa situação humanitária e você sozinha, obviamente, não resolve nada.

 

Então, para mim a chave até agora para fazer um bom trabalho foi mesmo um trabalho de equipe. Esse sentimento de frustação vem redimensionado com um pouquinho de humildade e também o apoio da equipe que é tipo uma família dentro do abrigo para conseguir fazer bem este trabalho.

 

 


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