“Estar conduzindo uma equipe técnica de primeira grandeza como a nossa, e ter como suporte por traz uma instituição de renome internacional como a AVSI é o sonho de 10 entre 10 pessoas que buscam a realização pessoal, como ambientalista que me considero, e profissional como consultor.
Há também um outro fator muito motivador no PBAI (Programa Básico Ambienta Indigena) que foi a escolha da territorialidade em que ele está inserido. O Bioma Caatinga, entre nossos 06 principais Biomas, é o único exclusivamente brasileiro, é também o que foi menos estudado, por suas severas condições climáticas e de aridez, o que torna a região inóspita à presença humana.
Entretanto por ser assim tão pouco estudado está nele contido uma beleza selvagem, que nos conta através de sua fauna e flora histórias muito peculiares de uma incrível luta de adaptação, que contemplam intricadas estratégias de sobrevivência em cada um dos recantos em que se olha. E no caso do Sertão Moxotó, onde estão fixadas as comunidades indígenas com as quais o PBAI interagiu, esta biodiversidade se revela ainda mais exuberante e desafiadora, por conta da geomorfologia entrecortada por vales, e serras, e pela majestosa presença do Rio São Francisco, que favorece a existência de refúgios ecológicos, e por consequência uma riqueza biológica contida nas manchas de vegetação da Caatinga que tornam-se abrigos para variados animais, insetos, pássaros e mamíferos.
Como complemento a esta bela experiência há ainda um caldo cultural ali preservado pela ocupação humana desde épocas pretéritas, com o registro de paleo-índios (através de pinturas rupestres), que resultaram na fixação das atuais comunidades indígenas. Assim sendo, poder conduzir este projeto foi realizar uma incrível viagem no tempo e desfrutar com o olhar moderno das nossas câmeras e GPSs, um recorte privilegiado da cultura ancestral guardada para a contemporaneidade através dos rituais tradicionais do Povo Pankararu.
E nada disso teria sido tão especial se nossa equipe tivesse apenas sido mera espectadora das belezas naturais e culturais do lugar. O que tornou nossa vivência tão marcante, foi justamente poder dar uma contribuição, ainda que pequena, para servir de estímulo às comunidades indígenas, auxiliando-os a gerir melhor suas demandas sociais e plantando em seu território não apenas 90 mil mudas de espécies nativas, mas sobretudo semeando em seus corações ideias e ideais de sustentabilidade social e ambiental para as presentes e futuras gerações.
Por isso mesmo, agradeço sempre primeiramente a Deus que me deu saúde para percorrer as trilhas daquele lugar ímpar, e depois agradeço a AVSI e aos amigos colaboradores desta inesquecível experiência.”